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22 de agosto de 2014

Vaishnavismo Engajado: os devotos de Krishna estão preocupados em tornar o mundo um lugar melhor?

Escrito por Steven J. Rosen (Satyaraja Dāsa)


"Filosofia tem pouco ou nenhum significado, a menos que produza um bom caráter." Radhanath Swami

A forma como nós nos comportamos no mundo material é, em certo grau, um reflexo de como nós nos identificamos enquanto seres vivos. Se pensarmos em nós mesmos como corpos materiais, como a maioria das pessoas faz, então nosso foco primário será o mundo material e as diversas interações que aparentemente melhoram nossa estadia aqui. Nós nos tornamos absortos em apetites corpóreos, levando uma boa vida, criando família, e assim por diante.
Se, no entanto, nós desenvolvermos um sentido de que há algo mais na vida - que nós somos seres espirituais vivendo em um corpo material - então nosso foco naturalmente mudará para uma realidade mais interna, e para nossa verdadeira vida como almas espirituais.
Não se trata, obviamente, da exclusão das preocupações materiais, mas sim uma necessidade subjacente e uma prioridade que nutre tais questões.
Há uma arte para fazer isso - usar o mundo material de forma espiritual. Em Sânscrito, ela é chamada yukta-vairagya, e foi desenvolvida como uma ciência pelos seguidores de Sri Chaitanya (1486-1533). Sob a liderança de Rupa Goswami, Seu principal discípulo, os Chaitanya Vaishnavas de antigamente, representados pelo movimento Hare Krishna hoje, formularam uma metodologia detalhada para agir como as almas espirituais que nós somos, para estar no mundo, mas não ser do mundo.
Consequentemente, os devotos, em geral, não são comprometidos com qualquer paradigma mundano social, econômico ou político. Nosso compromisso é com Bhakti, ou serviço devocional ao Supremo, com ênfase, novamente, no lado espiritual das coisas. Isto não quer dizer que nós somos anarquistas ou antinomianos de qualquer tipo. Nós assumimos nossas responsabilidades pessoais ou civis para manter a ordem no mundo material, sejam sociais, econômicas ou políticas. Os textos em sânscrito chamam essa responsabilidade de loka-samgraha, ou "a manutenção do mundo material". Isso é efetuado de um modo individual, enquanto os devotos avaliam os respectivos méritos ou deméritos de determinado sistema mundano, e decidem se devem participar dele, influenciá-lo, e assim por diante, conforme nossa consciência e julgamento prático nos movam.
Apesar de nossa tradição Gaudiya Vaishnava, habilmente representada no mundo moderno por Srila A. C. Bhaktivedanta Prabhupada (1896 - 1977), focar no trabalho pelo bem-estar espiritual - ou seja, ajudando outros a avançarem em direção a Krishna e o mundo espiritual - e apesar de muitas citações mostrando que esse foco eclipsaria qualquer orientação à caridade mundana, este artigo tentará mostrar outro lado da tradição, que às vezes é negligenciado ou omitido.
De fato, os textos dos grandes acharyas enfatizam fortemente a importância de ajudar as pessoas espiritualmente, quase até o ponto de excluir o trabalho para o bem-estar material de seus ensinamentos. Há uma razão para isso, na mesma linha do "Dê ao homem um peixe, e alimente-o por um dia; ensine-o a pescar, e alimente-o pela vida toda" (Lao Tzu).
Isso não é para encorajar a pesca, obviamente. Mas sim, para destacar o princípio de soluções de longo termo como superiores a soluções de curto prazo.
De fato, soluções materiais são sempre de curto prazo, pois dizem respeito ao corpo perecível. Todo valor ou atividade social que foca no corpo cai no esquecimento assim que o corpo é destruído. E o corpo será destruído. É apenas uma questão de tempo. Os devotos, por outro lado, são ensinados a olhar a longo prazo, tendendo às necessidades da alma. É essa atividade social que persiste, pois a alma é eterna.
Então, os Vaishnavas tendem a ter um coração generoso, sentindo o sofrimento de outras entidades vivas e, enquanto sua preocupação primária é pelo bem-estar espiritual de todos, eles não gostam de ver ninguém sentindo dor ou perda, em qualquer sentido da palavra.
Recentemente, o Budismo se tornou popular por causa do engajamento de seus aderentes com o mundo material. Budistas, sem dúvida, procuram meditar e desenvolver sua vida contemplativa interior - essa é a verdadeira questão da tradição budista, mas eles também reconhecem a importância do aqui e agora, de ajudar as pessoas e trabalhar para fazer o mundo um lugar melhor. Isso é chamado "Budismo Engajado."
Vaishnavas também, como já mencionamos, estão preocupados com o mundo material. Assim como os Buddhistas, nós reconhecemos que o mundo material é cheio de sofrimento, e que sempre será um lugar onde nascimento, morte, velhice e doença são proeminentes. Mas os Vaishnavas "sentem o sofrimento dos outros", e assim, da mesma forma que os Buddhistas, eles trabalham duro para aliviar esse sofrimento, mesmo que eles necessariamente o façam com um componente espiritual predominante.
Por exemplo, Vaishnavas servirão comida aos famintos, mas eles vão garantir que essa comida é prasadam, oferecida a Krishna. Isso espiritualiza o ato de caridade, permitindo que o beneficiário não apenas receba a nutrição que ele ou ela necessita, mas também avance no caminho espiritual. 
Assim, o grande mestre da consciência de Krishna, Bhaktivinoda Thakur (1838-1914), escreveu incessantemente sobre a necessidade de um "Vaishnavismo Engajado", usando por exemplo a seguinte frase:

"Aqueles que pensam que devoção a Deus e gentileza com as jivas (almas) são mutuamente diferentes, e agem de acordo com tal crença, tais pessoas não serão capazes de seguir a cultura devocional. Suas ações são apenas um simulacro de devoção. Então, todos os tipos de beneficência a outros, como gentileza, amizade, perdão, caridade, respeito e assim por diante, são incluídos em Bhakti. Entre esses, de acordo com as triplas categorias dos beneficiários, a saber, alto, médio e baixo. As ações de respeito, amizade e gentileza são a própria forma do amor e a porção característica do Bhakti: caridade de medicamentos, roupas, comida, água, etc., abrigo durante adversidades, ensino de instrução acadêmica e espiritual, etc., são as atividades incluídas na cultura devocional. [1]

E novamente Bhaktivinoda escreveu:

Deve-se ser misericordioso e não causar ansiedade a qualquer entidade viva. O coração deve sempre ser preenchido de compaixão pelos outros. Exibir misericórdia a todas as entidades vivas é um dos braços do serviço devocional. [2]

O mesmo humor foi expresso por Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur (1874-1937), o ilustre filho de Bhaktivinoda e mestre espiritual de Srila Prabhupada:

[O devoto] não sente apatia ou apego à moralidade mundana. Por outro lado, a moralidade espera como uma serva para apoiar a moralidade espiritual no serviço ao Senhor do Amor Transcendental. Ao mesmo tempo, nós devemos entender que o caráter de alguém que cultiva amor espiritual nunca é desprovido de moralidade. Alguém que seja hostil à moralidade ou que saia do caminho da moralidade nunca pode ser um homem espiritual. No resplandecente cerne dos ensinamentos do ideal de Shri Chaitanya Deva - devassidão não é devoção. A evidência é abundante quando refletimos sobre o caráter de Sri Chaitanya Deva e seus seguidores. [3]

O próprio Prabhupada indica que ética e moral - em outras palavras, o cultivo de um senso de bondade no mundo material - é um precursor do Bhakti puro e pode ajudar na jornada espiritual do indivíduo:

Sim, ética é o princípio básico da purificação. A menos que alguém... Saiba o que é moral e o que é imoral... Claro, neste mundo material tudo é imoral, mas ainda assim nós temos de distinguir o que é bom e mau. Isso é chamado princípio regulativo. Simplesmente por seguir o princípio regulativo, se ele não atinge o objetivo último da vida espiritual, então, isso também não é o desejado. O real propósito é chegar à plataforma espiritual e se tornar livre da influência dessas leis da natureza material.
Então, paixão é a força de ligação na natureza material. Assim como no presídio, os prisioneiros são mantidos às vezes acorrentados por algemas de ferro e outros métodos, a natureza material tem as correntes ou algemas da vida sexual, paixão, rajas e tamah. Kama esa krodha esa rajo-guna-samudbhavah. Rajah-gunah significa o modo da paixão. Assim, o modo da paixão significa kama, desejos luxuriosos, e krodha. Quando os desejos luxuriosos não são satisfeitos, a pessoa fica irada. Mas essas coisas são os meios de escravidão nesse mundo material.
Em outro texto é dito que tada rajas-tamo-bhavah kama-lobhadayas ca ye. Quando alguém está afligido pelos modos da natureza material, ou seja, rajo-guna e tamo-guna, então se torna ganancioso e luxurioso. Então, a ética requer sair das garras da ganância e dos desejos luxuriosos. Então se chega à plataforma da bondade, que irá lhe ajudar a atingir a plataforma da vida espiritual. [4]

Deve ser dito que algumas das citações acima tratam das relações pessoais e ética como em oposição ao trabalho de beneficência social. Mas a inter-relação não deve ser negligenciada, e a essência é a mesma. Nós estamos falando sobre um coração compassivo, um indivíduo espiritualmente evoluído que não pode suportar o sofrimento dos outros. Em outras palavras, um devoto quer ver as pessoas felizes, materialmente e também espiritualmente.
Acadêmicos de fora do movimento, também, reconhecem que os devotos são naturalmente pessoas boas, buscando ajudar o mundo e todos que se encontram nele. Estas são as palavras de Joseph T. O'Connell, Professor Emérito de Estudos de Bengalí na Universidade de Toronto:

Entre as virtudes mais destacadas na formação do caráter devocional ideal estão a humildade, prestatividade, não-violência, limitação da indulgência sensual, trazer uma atitude acomodativa a situações de potencial conflito, relatividade papéis sociais mundanos como construções de maya, "ilusão", o que aqui não quer dizer "não-existência", como geralmente ocorre no uso indiano, mas sim engano, sedução, ou inautenticidade. De todas as virtudes, humildade, não-violência e controle dos apetites sensuais são fundamentais para a formação da moralidade pessoal de acordo com a ética Chaitanya Vaishnava.
Outras virtudes podem ser vistas como reforçando essas. Por exemplo, os relatos de conversões Chaitanya Vaishnavas geralmente mostram a transformação de um pecador irremediável que é arrogante, violento, viciado em sexo, carne e álcool, em um devoto que se afasta de tudo isso. A reputação tradicional de muitos Vaishnavas pela abstenção de álcool e carne atesta a efetividade geral dessas proibições particulares e mão necessita ser elaborada aqui. A importância da regulação sexual típica dos Chaitanya Vaishnavas ortodoxos, celibatários e casados [é outra prova].

Além disso, para os devotos, há uma clara diferenciação entre áreas de preocupação explicitamente espirituais e aquelas que são mais profanas. Os poucos avais explícitos de comportamento secular encontrados em textos Vaishnavas são, geralmente, recomendando, por exemplo, que os reis governem de forma justa e sensível; que os ricos ajudem os pobres e piedosos; e que as pessoas comuns paguem seus impostos e desenvolvam relações pacíficas com os outros. Estes mesmos textos promovem obrigatoriamente apenas a propagação de Krishna-Bhakti, pois todas as considerações mundanas, segundo eles dizem, são servidas por esse único princípio fundamental.
As escrituras vaishnavas oferecem várias analogias para tornar esse ponto abundantemente claro. Por exemplo, se explica que, por molhar a raiz de uma árvore, automaticamente se distribui água para suas folhas e ramos. A mensagem deveria ser clara: por agir em Consciência de Krishna, pode-se prestar o maior serviço a todos - ou seja, a si mesmo, à família, à sociedade, ao país, à humanidade, e assim por diante, pois todos são como ramos, partindo da raiz, o Senhor Sri Krishna. Assim, se Krishna está satisfeito com as ações de alguém, então todo mundo estará satisfeito também. É por isso que, para um Vaishnava, Krishna-Bhakti é central, e a moral e ética mundanas são consideradas secundárias.
Preocupações secundárias, no entanto, são também preocupações, e Vaishnavas maduros são escrupulosamente cientes disso. Por essa razão, ISKCON iniciou projetos que podem parecer classificáveis como "trabalho de beneficência mundano", mas um olhar atento sob a superfície revela esse trabalho como muito mais que isso.
Por exemplo, nós já mencionamos a distribuição de prasadam. Mas nós não mencionamos a extensão e amplitude dessa iniciativa em particular. Uma significativa parte da distribuição de prasadam é devida ao programa "Food for Life", um empreendimento que alimenta e educa literalmente milhões de pessoas necessitadas ao redor do mundo, principalmente em países de Terceiro Mundo. O programa Hare Krishna Food for Life é a maior organização vegetariana, sem fins lucrativos, de ajuda alimentar do mundo, com projetos em mais de 60 países. Os voluntários servem mais de 1.500.000 refeições gratuitas diariamente em uma variedade de formas, incluindo vans servindo comida aos moradores de rua mas maiores cidades do mundo; almoço para mais de 700.000 crianças pobres na Índia; e também em resposta a grandes desastres naturais, como no maremoto de 2004 do Oceano Índico.
Isso é tudo comida sagrada ("transcendentalizada" com mantras), oferecendo benefício espiritual a todos que participam.
Ou consideremos a Gopal's Garden School em Mumbai. Em 2001, a escola foi iniciada em um apartamento alugado com apenas alguns alunos de berçário. Hoje, os devotos têm seu próprio prédio. Há 28 professores e 170 crianças freqüentando a Gopal's Garden School, que oferece aulas desde o berçário até o diploma de ensino médio. Os estudantes recebem ambas, a educação acadêmica e espiritual, toda centrada na devoção a Krishna.
O Hospital Bhaktivedanta é outro projeto Vaishnava que permite que os devotos colaborem com a redução das misérias do mundo material enquanto promovem Krishna-Bhakti. O hospital tem mais de trezentos médicos residentes, metade deles devotos iniciados na ISKCON. A cura para todos é feita em Seu nome. 
Tais projetos mostram que preocupações primárias e secundárias podem caminhar lado a lado. Pode-se educar as pessoas espiritualmente enquanto se ajuda-as materialmente, ou compartilhar Consciência de Krishna praticando gentileza. A tradição Vaishnava oferece ao mundo várias "tecnologias espirituais" pelas quais se pode fazer exatamente isso: ajudar o mundo e ajudar os outros a se moverem pelo mundo, viver uma vida feliz e pacífica e voltar para casa, voltar ao Supremo.

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Notas finais

1. Tattva Viveka-Tattva Sutra-Amnaya Sutra: A Comprehensive Exposition of the Spiritual Reality by Bhaktivinoda Thakur (Madras: Sree Gaudiya Math, no date), English translation by Narasimha Brahmacari, Tattva Sutra portion, sutra 35, pp. 185-186.
2. Veja Bhaktivinoda Thakur, Bhaktyaloka.
3. De uma conversa entre Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur e Prof. Albert E. Suthers, ocorrida em janeiro de 1929 em Krishnanagar.
4. Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, Espiritualismo Dialético: Uma Visão  Védica da Filosofia Ocidental (Prabhupada Books, 1985), conversa sobre Sócrates.
5. Joseph T. O’Connell, “Chaitanya Vaishnava Devotion (bhakti) and Ethics as Socially Integrative in Sultanate Bengal,” in Bangladesh e-Journal of Sociology, Vol, 8, No. 1 (January 2011), pp. 51-63. Available at www.bangladeshsociology.org/BEJS%208.1%20Final.pdf.
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Bio:

Steven J. Rosen (Satyaraja Dasa) é um discípulo de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada e autor de cerca de 30 livros nas áreas de filosofia, religião, espiritualidade e música. Ele é editor associado da revista da ISKCON "De Volta ao Supremo, assim como o editor fundador do Jornal de Estudos Vaishnavas. 

30 de junho de 2014

O Guru pode cometer erros?

Escrito por Swami B.G. Narasingha
01 de Junho de 2014




Nós devemos sempre manter nosso Guru na mais elevada consideração. O discípulo deve ver o Guru como o representante de Krsna. O Guru nunca deve ser considerado um homem ordinário, jiva-tattva.

acaryam mam vijaniyan navamanyeta karhicit na 
martya-buddhyasuyeta sarva-deva-mayo guruh

"Deve-se saber que o acharya é como Eu mesmo, e nunca se deve desrespeitá-lo de forma alguma. Não se deve invejá-lo, pensando que ele é um homem ordinário, pois ele é o representante de todos os semideuses.” (Bhag.11.17.27)

Já que o Guru está representando Krsna em todo momento, ele não é mais visto pelo discípulo como uma jiva comum. Ele é compreendido aos olhos do discípulo como guru-tattva. O que quer que o Guru faça será visto pelo discípulo fiel como maravilhoso, puro, perfeito, e sempre uma representação de Krisna. Assim, aos olhos do discípulo, o Guru nunca comete um erro.
Os não-discípulos, no entanto, podem encontrar falhas em nosso Guru. Eles podem considerá-lo como um homem comum, e isso é intolerável para um discípulo genuíno. Se, por acaso, o Guru soletra ou pronuncia uma palavra incorretamente, o entusiástico discípulo neófito sentirá que seu Guru está certo e que, se necessário, o dicionário deveria ser mudado. Mas o não-discípulo verá isso como um erro. Um discípulo mais antigo considerará que se os não-discípulos virem um assim chamado erro cometido por seu Guru, eles talvez o considerarão como um homem ordinário, e então perderão a chance de tomar a consciência de Krsna. Um discípulo mais antigo considerará a necessidade de corrigir o assim chamado erro que seu Guru cometeu, pelo benefício dos não-discípulos.
Mas o não-discípulo verá isso como um erro. Um discípulo mais antigo considerará que se os não-discípulos virem o assim chamado erro cometido por seu Guru, eles talvez o considerarão como um homem ordinário, e perderão a chance de tomar a consciência de Krsna. Ele então considerará a necessidade de corrigir o tal erro, para o benefício dos não-discípulos.

Enquanto estiver corrigindo o assim chamado erro de seu Guru, um discípulo sincero pensará, “Oh, meu Guru é tão gentil. Ele está mostrando algum defeito apenas para me dar a chance de servi-lo.” Nosso Guru Maharaja, Srila A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada, costumava dizer, ; “Vocês estão me ajudando a espalhar este movimento de consciência de Krsna por todo o mundo.” Mas nós estávamos pensando que ele era tão gentil que nos permitia algum serviço em sua missão. Na verdade, Srila Prabhupada não necessitava nossa ajuda, e o que quer que nós estejamos fazendo no caminho correto é simplesmente por sua graça. Srila Prabhupada poderia ter espalhado este movimento sozinho. E de fato ele fez isso.
Similarmente, Srila Prabhupada costumava dizer que, “O Senhor Chaitanya Mahaprabhu poderia ter espalhado a consciência de Krsna por todo o mundo, não apenas na Índia. Mas Ele é tão gentil que nos deu algum serviço em Seu movimento de sankirtana.” Este é o humor de todos os grandes acharyas e mestres espirituais em nossa sucessão discipular.
Há um perigo para o discípulo se ele considera que os assim chamados erros de seu Guru se originam de seu condicionamento aos três modos da natureza material. Assim, nós devemos ser muito cautelosos em como nos associamos com o guru, e em que consciência nós observamos suas atividades. Até mesmo um discípulo antigo experienciará grande dificuldade se ele orgulhosamente pensa que seu guru é dependente de seus serviços. Então, Krsna, disse, acaryam mam vijaniyan – “Conheça o Acharya como Meu próprio ser.” Nunca pode haver um defeito material em Krsna. Ele é puramente transcendental, acyuta, acima dos sentidos e das leis da natureza material.
O discípulo deve sempre lembrar deste sloka e manter tal consideração por seu Guru. Não há diferença entre o seu Guru e meu Guru, ainda que não necessariamente nós vemos o Guru dos outros da mesma forma que vemos nosso Guru. No encontro privado de nossos irmãos e irmãs espirituais, nós podemos expressar tal visão exclusiva de que nosso Guru é o melhor de milhões de jagat-gurus. E deve ser assim. Se for de outro modo, por que nós viemos ao refúgio de nosso Guru?




Sobre o autor:


Sripad Narasingha Maharaja entrou em contato pela primeira vez com seu mestre spiritual, Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, no verão de 1967, no Golden Gate Park em São Francisco, Califórnia, mas somente em 1970 ele tomou iniciação Hari-nama de Srila Prabhupada em Los Angeles, tornando-se então seu discípulo devidamente iniciado.

 

19 de junho de 2014

Quando Opostos se Atraem: Alguns Pensamentos em Bhakti e Yoga

ESCRITO POR STEVEN J. ROSEN (SATYARAJA DASA)





Assim como se geralmente se compreende, yoga se refere a “união”. Alguns interpretam isto em termos de corpo e mente, esperando se tornarem pessoas plenamente integradas como resultado da prática de yoga; outros veem como um fenômeno mais sutil, um tipo de união com o eu interior que permite a integração de corpo, mente e alma em uma consciência espiritual superior. Em última análise, o conceito de yoga foca na união com Deus, apesar de que o que se quer dizer exatamente com “Deus” estar aberto a discussão.

Bhakti também se refere a união, mas se trata de unir-se com Deus por meio do amor. Em outras palavras, para existir bhakti, deve haver “dois”, o amante e o amado. Este senso de dualismo é frequentemente esquecido no mundo moderno do yoga, no qual o amante e o amado são geralmente fundidos em alguma abstração mística. Em um sentido muito real, bhakti requer que seus praticantes dispensem formas superficiais de união.

Além disso, a palavra bhakti, enquanto comumente entendida como “devoção”, ou, como Prabhupada a traduz, “serviço devocional”, originalmente vem da raiz verbal ‘bhaj’ (“dividir, distribuir, colocar ou repartir a”). Pense sobre isso: Enquanto yoga se refere a união, bhakti se refere ao fenômeno diametricalmente oposto: divisão, separação. Como o Monier Williams Sanskrit-English Dictionary nos diz, bhakti se refere primariamente a “distribuição, partilha, ou separação.”

Por que isso? Porque para haver devoção ou amor, deve haver separação*. É por isso que “bhaja” passou a significar “adoração”: Se há divisão, há pelo menos “dois”, e quando há dois, a adoração é possível. Uma entidade unitária não adora a si mesma, exceto em casos extremos de narcisismo. Citando um famoso bhakta, “Eu não quero ser açúcar, eu quero saborear o açúcar”. O açúcar, de fato, não pode saborear a si mesmo.

A unicidade faz com que a relação evapore. Nós podemos falar poeticamente, ou romanticamente sobre a união de amantes, mas, no fim, para os amantes amarem, eles devem ser dois, não um. A assim chamada “unicidade”, nesse contexto é meramente um sentimento de completa harmonia, de unidade em propósito, união em sensibilidade. É uma conexão (leia-se: yoga) que dissolve todas as diferenças. Mas não é unicidade ontológica, e é a “duplicidade” que facilita o amor.

Assim, enquanto as palavras bhakti e yoga podem significar coisas inteiramente opostas, elas estão visando ao mesmo objetivo: proximidade ou intimidade com Deus. E não apenas uma proximidade ordinária, mas uma proximidade tão completa e abrangente que alguém poderia chamar de um tipo de unicidade.

Para atingir esse estado espiritual exaltado, os praticantes do convencional sistema de oito ramos do yoga (Ashtanga-yoga) frequentemente pensam em termos de subir a “escada do yoga”, começando com pranayama (técnicas de respiração) e asana (posturas físicas). Tais práticas constituem os primeiros dois degraus da escada, comumente conhecida como Hatha-yoga. Isto ajuda o indivíduo a adquirir maestria sobre o corpo, de modo que possa então fixar a mente na meditação em um único ponto. Depois disso, os próximos dois degraus são yama (“restrições”) e niyama (“observâncias”), referindo-se a certas regras e regulações que situam a pessoa no modo da bondade. Isso leva aos quatro degraus superiores nos quais se aprende retração dos sentidos, concentração, meditação e samadhi (absorção total no Supremo).

Os textos antigos do yoga nos dizem que o degrau mais alto da escada é uma junção de bhakti e yoga. Este é chamado Bhakti-yoga, e, quando propriamente executado, é como um elevador levando rapidamente ao ponto mais elevado da escada do yoga. Isto está claramente exposto no texto de yoga mais importante e mais antigo, o Bhagavad-gita. De fato, o Gita aceita todas as formas tradicionais de yoga como legítimas, afirmando que todas elas focam na ligação ou união com o Supremo. Porém, o Gita também cria uma hierarquia, indicando uma escada própria do yoga: Primeiro vem o estudo, o entendimento e a meditação (Dhyana-yoga). Estes levam a uma contemplação profunda da filosofia (Jñana-yoga) e, eventualmente, sabedoria que culmina em renúncia (Sannyasa-yoga). A renúncia leva ao uso apropriado da inteligência (Buddhi-yoga) e então à ação apropriada (Karma-yoga). E tudo isso, no fim, leva a Bhakti-yoga.

Os ensinamentos do Gita apontam para um complexo desenvolvimento interno, começando com o entendimento da natureza temporária do mundo material e como a dualidade afeta nossa vida diária. Percebendo que o mundo da matéria deixará de existir e que o nascimento rapidamente leva à morte, o aspirante a yogi começa a praticar renúncia externa, e gradualmente renúncia interna, o que, em última análise, inclui desistir do desejo pelos frutos do próprio trabalho (karma-phala-tyaga) e, eventualmente, executar o próprio trabalho como uma oferenda a Deus (bhagavad-artha-karma). Este método de ação desapegada leva à “perfeição da inação” (naishkarmya-siddhi), ou liberdade da escravidão do trabalho. A pessoa se torna livre de tal escravidão porque aprende a trabalhar como um “agente”, ao invés de trabalhar como um “desfrutador” – aprende a trabalhar para Deus, em Seu benefício. Este é o ensinamento essencial do Gita, e em suas páginas Krishna leva Arjuna (e cada um de nós) através de cada degrau deste processo do yoga.

Significativamente, o Sexto Capítulo inteiro do Gita nos leva além do yoga convencional, o qual Arjuna descreve como imprático e “muito difícil de executar”. Ao invés disso, ele aconselha a reconexão com Deus (Krishna) em Bhakti-yoga, um método descrito como a culminação de todo o resto. De acordo com Krishna, Arjuna é o melhor dos yogis porque ele tem devoção ao Supremo. No fim do Sexto Capítulo, Krishna diz a Seu devoto diretamente, “De todos os yogis, aquele que sempre permanece em Mim com grande fé, Me adorando em serviço amoroso transcendental, é o mais próximo de Mim em yoga, é o maior de todos”.

Adendo: Ambos, yoga e bhakti – e certamente Bhakti-yoga – se espalharam pelo mundo e são agora populares entre os buscadores da ciência espiritual. No entanto, nós vivemos em Kali-yuga, a era da disputa e da hipocrisia. Isso significa que, mesmo que várias tecnologias espirituais possam se espalhar por muito longe, elas serão acompanhadas por equívocos e inexatidão.

Consequentemente, é fácil ser enganado, e muitas formas de yoga e bhakti são de fato ensinadas por charlatões ou pessoas com uma agenda diferente da evolução espiritual. O Brahma-vaivarta Purana ilumina a degradada condição das pessoas nesta era: ataḥ kalau tapo-yoga-vidyā-yajñādikāḥ kriyāḥ sāńgā bhavanti na kṛtāḥ kuśalair api dehibhiḥ "Então, na era de Kali, as práticas de austeridade, yoga, meditação, murti seva, sacrifício e assim por diante, junto com suas várias técnicas acessórias, não são executadas propriamente, mesmo pela mais hábil das almas corporificadas.” (Este verso é citado por Srila Jiva Goswami, sábio do Bhakti-yoga do século XVI, em seu Bhakti sandarbha, Anuccheda 270.)

As escrituras nos aconselham a evitar tal inexatidão e decepção, encontrando um professor autorrealizado em uma linhagem estabelecida, das quais há quatro: Sri, Brahma, Rudra e Kumara Sampradayas. Estas tradições têm muitas linhagens e ramificações e, com um pouco de estudo, se pode encontrar um mestre espiritual fidedigno. Isto permitirá que o indivíduo faça rápido progresso.

De fato, uma vez propriamente situado, o progresso vem facilmente. Como diz o Srimad Bhagavatam (12.3.51), "Meu querido Rei, apesar de Kali-yuga ser um oceano de falhas, há ainda uma boa qualidade sobre esta era: Simplesmente por fazer kirtan, alguém pode se tornar livre da escravidão material e ser promovido ao reino transcendental.” E além disso (12.3.52): “Qualquer resultado que era obtido em Satya-yuga por meditação e yoga, em Treta-yuga pela execução de sacrifícios, e em Dvapara-yuga por servir os pés de lótus do Senhor, pode ser obtido em Kali-yuga simplesmente por Hare Krishna kirtan”.

Então, a prática central do Bhakti-yoga é cantar o santo nome do Senhor. As dificuldades associadas com o processo de yoga podem ser deixadas de lado em favor da simplicidade de cantar sob a guia de um mestre que tem realizado o santo nome. Até uma criança pode fazê-lo. Para começar, se necessita abrir a boca e cantar com sinceridade de coração.

FIM

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*De fato, a “origem” do eterno fenômeno conhecido como bhakti pode ser visto na inicial “separação” de Radha e Krishna – A Suprema Verdade manifesta em duas formas eternas, Divindade Feminina e Masculina, respectivamente. Como é afirmado no Caitanya-caritamrta (Adi 4.56): radha-krishna eka atma, dui deha dhari' anyonye vilase rasa asvadana kari' ("Radha e Krishna são um e o mesmo, mas Eles assumiram dois corpos. Assim, eles desfrutam, um ao outro, de suas essências, experimentando as trocas do amor.”) Isso significa que a verdade Absoluta se divide para desfrutar da relação (rasa), que é a mais elevada forma de yoga.

Além disso, na teologia Gaudiya Vaishnava, a ideia de Vipralambha-bhava ou Viraha-bhakti, que é “amor em separação”, ressoa com o bhakti da forma como nós o definimos neste artigo: se alguém é separado de Deus, vai sentir Sua falta, o que aumentará seu amor. Por esta razão, Viraha-bhakti é considerado o zênite da troca amorosa com Krishna. É Viraha-bhakti, de fato, que nutre Sambhoga, ou “união com Deus”, um conceito mais comparável ao yoga como é definido neste artigo. Ambos são perfeitos, mas em separação há uma saudade intensa que é naturalmente ausente na união, tornando o amor mais completamente desenvolvido.

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Bio:

Steven J. Rosen (Satyaraja Dasa) é um discípulo de Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada e autor de cerca de 30 livros nas áreas de filosofia, religião, espiritualidade e música. Ele é um editor associado da revista De Volta ao Supremo, da ISKCON, assim como o fundador editor do Journal of Vaishnava Studies.

12 de junho de 2014

Bimala e Lalita Prasada

ESCRITO POR SWAMI B.V. TRIPURARI    



Lalita Prasada foi o irmão mais novo de Bimala Prasada, que depois se tornou conhecido como Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura. Bimala Prasada recebeu Harinama e Narasingha Mantra de seu pai, Kedarnatha Bhaktivinoda, e foi aconselhado por ele a aceitar Mantra diksa do reverenciado renunciante Gaudiya Vaishnava Gaurakisora dasa Babaji. Lalita Prasada, por outro lado, recebeu Mantra diksa de Bhaktivinoda Thakura.
Thakura Bhaktivinoda pediu a Bimala Prasada para pregar amplamente e, ao fazer isso, estabelecer sua concepção de varnasrama-dharma para Gaudiya Vaishnavas (daiva varnasrama). Bhaktivinoda o encorajou a usar o local de nascimento de Mahaprabhu (yoga-pitha) como sua base, um local que Bhaktivinoda havia descoberto através de longa pesquisa e inspiração. A visão de Bhaktivinoda em relação ao local do aparecimento de Mahaprabhu era aceita por seu siksa Guru, Jagannatha dasa Babaji, assim como por Gaurakisora dasa Babaji, ambos renunciantes Vaishnavas muito venerados daquela época. No entanto, seu diksa Guru, Bipin Bihari Goswami, não a aceitava.
Bhaktisiddhanta Saraswati seguiu as instruções de Bhaktivinoda Thakura sem objeções. Além disso, com as bênçãos de Bhaktivinoda e Gaurakisora dasa Babaji, ele iniciou discípulos na manifesta presença de seus Gurus, aceitando seu primeiro discípulo em 1906.
Durante esse período, Lalita Prasada serviu na instituição Gaudiya Matha de seu irmão por vários anos, antes e depois da partida de Bhaktivinoda e Gaurakisora. Algum tempo depois de sua partida, Lalita Prasada fez exceção a algumas das políticas da missão, o caráter de alguns dos discípulos líderes de Bhaktisiddhanta, e também com o sannyasa de Bhaktisiddhanta. Então ele deixou a missão.
É importante notar que Bhakti Pradipa Tirtha Maharaja, um discípulo de Thakura Bhaktivinoda, foi a primeira pessoa a aceitar sannyasa de Bhaktisiddhanta e que seu sannyasa foi previsto por Gaurakisora dasa Babaji quando Pradipa Tirtha Maharaja se iniciou. Naquela época, Babaji Maharaja previu que, no futuro, seu novo discípulo aceitaria sannyasa de um sat-Guru e pregaria além das fronteiras da Índia. Após Bhakti Pradipa Tirtha Maharaja aceitar sannyasa de Bhaktisiddhanta, ele viajou à Inglaterra para pregar sob a direção de seu sannyasa Guru.
Então, enquanto Lalita Prasada objetava o sannyasa de Bhaktisiddhanta, que ele havia aceito de uma imagem de Gaurakisora dasa após a partida de seus Gurus, aparece no testemunho de Pradipa Tirtha Maharaja que seu próprio sannyasa havia sido abençoado por Gaurakisora mesmo antes de ocorrer. De qualquer forma, muita pregação inovadora foi feita graças a Bhaktisiddhanta - o tipo de pregação que Bhaktivinoda queria que ele fizesse. De fato, se deve haver um daiva varnasrama que dá suporte aos iniciados Gaudiya Vaishnavas nos estágios iniciais de sua prática, como ele poderia ser completo sem a ordem de sannyasa?
Esta e outras inovações de Bhaktisiddhanta, tais como sua concepção de bhagavata ou siksa-Guru parampara, causou uma grande agitação na comunidade Gaudiya Vaishnava. Mais problemas foram criados devido ao fato de que Bhaktisiddhanta criticava os padrões morais daquela comunidade em geral, assim como várias práticas Gaudiya proeminentes naquela época. Então surgiu uma rachadura entre Gaudiya Matha e as assim chamadas seitas Gaudiya ortodoxas, e a separação criada entre Bhaktisiddhanta e estas outras seitas apenas aumentou após sua partida. Eventualmente, acusações eram feitas de que Bhaktisiddhanta nunca havia sido propriamente iniciado, sendo o principal protagonista um de seus próprios discípulos que muitos consideravam o mais qualificado para sucedê-lo. Oponentes de Bhaktisiddhanta, que ainda sofriam com as críticas que ele havia feito deles, naturalmente se aproveitaram muito disso, mesmo que tais acusações não houvessem sido feitas durante o tempo em que Gaurakisora e Bhaktivinoda estavam disponíveis para testar e negar tais rumores.
Os seguidores de Bhaktisiddhanta, que já haviam quebrado em facções nessa época, levaram adiante suas missões de pregação independentes e alguns desses pregadores tiveram considerável sucesso. Então trouxeram renovada credibilidade à linha de Bhaktisiddhanta. Apesar de Lalita Prasada continuar crítico de algumas das políticas de seu irmão mais velho, no fim ele sentiu a inspiração de doar o local de bhajana de Bhaktivinoda em Nadiya, que estava sob seu cuidado, a A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o mais proeminente discípulo pregador de Bhaktisiddhanta. A doação nunca foi realizada, mas a discussão envolvendo-a assinalou uma nota de aceitação das atividades missionárias de Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada por parte de Lalita Prasada nos dias finais de sua vida. Além disso, Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada em uma ocasião permitiu a seus discípulos ouvir de Lalita Prasada Thakur e pessoalmente mostrou a ele ao menos respeito formal.
É suficiente dizer que velhas histórias como está são difíceis de separar em termos de fatos e ficção, e ainda mais difíceis de provar objetivamente. Então, diferentes versões desses eventos são aceitos por vários seguidores e promovidas por eles em linhas sectárias. No fim, as pessoas são inclinadas a aceitar a versão daqueles que mais as inspiram e então acreditam no que querem acreditar. O que é verdade em todos os sentidos só será descoberto através de contínua prática espiritual e a graça dos santos. Olhar o demônio nos outros nunca resultará em encontrar Deus em nós mesmos. Nós devemos olhar para dentro em oração, e então saberemos como proceder.

6 de junho de 2014

Relatório da Reunião da WVA, 18 de março, 2014

No dia 18 de março se deu o encontro anual de vaishnavas das diferentes missões, correspondente à época de Gaura Purnima. A reunião se realizou no sagrado Samadhi Mandir de Srila B. P. Puri Goswami Maharaj.
A reunião foi iniciada com as bênçãos do atual Presidente Executivo da WVA-VVRS e Acarya da Sri Devananda Gaudiya Math, Srila Bhaktivedanta Paryatok Maharaj. Depois de glorificar a Sri Guru Gauranga Radha Vinod Bihariji, Srila Maharaj recordou a importância da Vishva Vaishnava Raj Sabha estabelecida por Srila Jiva Goswami, como um coletivo preocupado em propagar as glórias de Sri Caitanya Mahaprabhu em todo o mundo:



"Somente mediante a devoção nós podemos chegar aos Pés de Lótus de Sri Guru, Sri Gauranga - Nityananda e Sri Radha e Krishna: 

Harer nama harer nama
harer namaiva kevalam
kalau nasty eva nasty eva
nasty eva gatir anyatha

Devemos compartilhar este conhecimento com todo o mundo e, para que este serviço tenha maior êxito, Srila Jiva Goswami estabeleceu a Sri Vishva Vaishnava Raj Sabha. Esse é o objetivo da WVA e da Gaudiya Math. Pregar as glórias de Sri Caitanya Dev trará as bênçãos de Mahaprabhu e Radha - Krishna."

A assembléia Vaishnava discutiu vários pontos importantes,  os principais foram:

- O impacto do uso do plástico em nossos maths, a importância de erradicá-lo por completo e as diferentes alternativas para isso.
- A criação de uma Fundação da WVA que possa coletar doações e fundos para melhorar os projetos que a Sabha realiza.
- O lançamento dos novos e importantes materiais para expandir as glórias de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada: "A Foto-biografia" impressa em formato de revista e o "Museu de Srila Bhaktisiddhanta" em formato de exposição de imagens que narram sua vida e obra.
- O fortalecimento do comitê de publicações da WVA.
- A publicação de notícias vaishnavas no periódico "Chaitanya Mail" que se distribui em Bengalí e Inglês por todo oeste bengali.
- A aceitação de que os maths pertencentes à WVA devem se preocupar de utilizar "ahimsa mridangas", com matérias-primas provenientes de vacas mortas naturalmente.
- A discussão acerca da opinião da WVA sobre a entrega de siddha-deha pranali diksa por parte de certa linha de babajis do Radha Kunda.
- Os novos projetos do comitê de educação.
- A importância da presença da WVA na sociedade e os próximos eventos que possibilitam isso.
- A próxima assembléia geral da WVA se realizará no dia 19 de outubro de 2014 em Vrindavan. O local será confirmado com antecipação.


Os seguintes vaishnavas estiveram presentes na reunião: 

- Srila Bhaktivedanta Paryatok Maharaj – Acarya da Sri Gaudiya Vedanta Samiti
- Srila Bhakti Bibudh Bodhayan Maharaj – Acarya da Sri Gopinath Gaudiya Math
- Sripad Bhakti Prabhav Mahavir Maharaj - Acarya da Sri Mahavir Gaudiya Math
- Srila Bamsi Das Babaji Maharaj -
- Srila Bhakti Alok Paramadvaiti Maharaj – Missão Vrinda
- Sripad Bhakti Nandan Swami Maharaj – Sri Gopinath Gaudiya Math
- Sripad Bhakti Vichar Vishnu Maharaj – Sri Caitanya Gaudiya Math
- Sripad Bhakti Prasun Madhusudhan Maharaj – Tirtha Ashram, Govardhan
- Sripad Bhakti Raksak Swami Maharaj – Sri Jahanavi Kunja Gaudiya Math
- Sripad Bhaktivedanta Padmanabha Maharaj – Fazenda Nova Vrindavan, Argentina
- Sripad Om Prakas Brijvasi Prabhu – Sri Gopinathji Gaudiya Math
- Sripad Tamal Krishna Das Brahmacari – Sri Imlitala Gaudiya Math
- Sripad Ramdas Dasadhikari – Earth Aware editions
- Sripad Radha Madhav Das – Sri Caitanya Gaudiya Math
- Sripad Rama Kant Das Brahmacari
- Sripad Rajib Chakravarty – Jornal Caitanya Mail 
- Sripad Gopal Das
- Sripad Madan Mohan Das
- Sripad Gaura Hari Das – Friends of Mayapur
- Sripad Arup Govinda Das – Correspondente da WVA
- Sripad Vidyapati Das – Sri Caitanya Gaudiya Math, Austrália
- Sripad Bhagirat Das – Sri Jahnavi Kunja Gaudiya Math
- Sripad Rup Sanantan Raghunath Das – Escritório WVA, Bangladesh
- Sripad Ananga Mohan Das – Sri Keshavaji Gaudiya Math
- Sripad Subha Krishna Das - ISKCON
- Sripad Dinasharan Das - Sri Gaudiya Sevashram, Mathura
- Sripad Satya Bhagavat Das - Srupanuga Gaudiya Math
- Sripad Shubhananda Das - Sri Gopinath Gaudiya Math
- Sripad Caitanya Das - Sri Caitanya Gaudiya Math, Hyderabad
- Sripad Satya Krishna Das Brahmacari – Sri Jahnavi Kunja Gaudiya Math
- Sripad Ananda Vigraha Das Brahmacari – Sri Jahnavi Kunja Gaudiya Math
- Srimati Kamala Priya Dasi - ISKCON
- Srimati Prisni Dasi – Programa de limpeza de Mayapur
- Srimati Gandharvika Dasi – Comitê Internet WVA
- Srimati Mantra Murti Dasi - Brasil


Segue abaixo o detalhamento dos temas tratados:

1-  Novidades dos diferentes comitês da WVA – VVRS

- Nesta reunião foi confirmada a participação de diferentes vaishnavas em alguns dos comitês da WVA: 

a. Secretários da WVA de diferentes áreas:

Secretário para Braj Mandal:  Sripad Tamal Krishna Das Brahmacari
Secretário para Gaura Mandal: Sripad Sattya Krishna Das Brahmacari
Secretário para Bangladesh: Sripad Rup Sanantan Raghunath Das
Responsável pelo escritório WVA Mayapur: Sripad Pradyumna Das

b. WVA-VVRS Comitê de Educação:

- Desenvolver-se-á um projeto de clínica de saúde e uma escola para crianças da WVA em Mayapur Dham com o apoio de Sree Caitanya Gaudiya Math. 
- Sripad Om Prakash Brijwasi Prabhu oferece aulas de Hindi a todos os devotos interessados. Os seminários se darão no Yamuna Kunja, Vrindavan.

c. WVA-VVRS Comitê de Publicações: 

- Novos integrantes do comitê: Sripad Bhakti Ratna Sadhu Maharaj, Sripad Bhakti Nandan Swami Maharaj, Sripad Radha Madhav Das, Sripad Rajiv Chakravarty.
- O comitê vai se encarregar de publicar alguns livros importantes de nossa sampradaya e também de organizar traduções aos diferentes idiomas. 
- Apresentou-se uma lista dos diferentes materiais impressos e digitais que a WVA-VVRS produziu nos 20 anos de serviço que tem realizado à humanidade.
- Realizou-se o lançamento do Museu de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada, uma coleção de 108 gráficos impressos que recompilam os momentos mais importantes da história de Srila Prabhupada e seu legado ao mundo. À exposição assistiram centenas de vaishnavas e todos apreciaram este esforço de expandir as glórias de Srila Prabhupada. A coleção do museu também se encontra disponível em formato DVD-vídeo, que inclui uma narração histórica por cada gráfico. 
- Um novo material também lançado durante Gaura Purnima 2014 foi a Foto-biografia de Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta, projeto desenvolvido pelo comitê de publicações da WVA em conjunto com a equipe do Vrinda Kunja em Vrindavan. 



d. WVA- VVRS  Comitê de Meio Ambiente:

- Novos integrantes do comitê: Sripad Ananga Mohan Das e Sripad Radha Madhav Das

e. WVA-VVRS Comitê de Relações Públicas: 

- Novo integrante do comitê: Sripad Arjuna Das
- Em novembro será realizado o World Hindu Congress em Delhi, onde a participação da WVA é muito importante. Interessados, por favor contactar Sripad Bhakti Vichar Vishnu Maharaj da Sri Caitanya Gaudiya Math.

f. WVA- VVRS Comitê de Adoção de Templos:

- Bhaktivedanta Charity está reparando alguns edifícios em Mayapur. Estão encarregados do cuidado de alguns edifícios de nossa gaudiya sampradaya.


2- Petição especial do comitê de meio ambiente 

Na reunião da WVA realizada no bhajan kutir de Srila Bon Maharaj dia 30 de outubro de 2013 (veja relatório aqui), a assembléia aprovou a iniciativa de eliminar por completo o uso de pratos e copos plásticos em nossos maths, principalmente em festivais e eventos vaishnavas especiais. A questão é que, mesmo sendo uma decisão de todos os maths, em muitos deles se continua utilizando esses elementos tão nocivos para o Dham sagrado. 

Srila B.B. Bodhayan Maharaj confirmou o perigo que significa o uso do plástico, ressaltando que o lixo e o plástico de nossas cidades contamina inclusive a água: "Isso não é positivo para a saúde e se converte em um assunto muito crítico no futuro. Devemos deter por completo o uso do plástico. Em outros países eles investem muito para utilizar somente plásticos recicláveis, mas aqui, na Índia, não o fazemos. As cidades se tornaram realmente sujas por causa dos plásticos, eu peço a Rajib Chakravarti que por favor publique um artigo sobre os terríveis efeitos do plástico nos periódicos nos quais escreve"

Por outro lado, Sripad Arup Govinda Das confirmou que vários maths de Mayapur Dham, como Sri Bhagavat Math, Sri Krishna Caitanya Math e Sri Gopinath Gaudiya Math, detiveram por completo o uso do plástico. Sripad Bhakti Nandan Swami Maharaj apoiou por completo a iniciativa, confirmando que não somente temos que eliminar o uso de pratos e copos plásticos, mas também das sacolas de polietileno. Srila B.A. Paramadvaiti Maharaj acrescentou que "temos de ser mais conscientes do uso dos produtos que utilizamos em nossa adoração ao Senhor, devemos conhecer sobre os OGM (organismos geneticamente modificados), o impacto do plástico, os óleos nocivos para a saúde, etc. São muitos temas em conexão que requerem grande consciência de nossa  parte". 

Sripad Ananga Mohan Das da Keshavaji Gaudiya Math deu uma completa e científica descrição sobre o impacto dos plásticos, propondo à assembléia o uso de copos de papel para os festivais. Todos confirmaram esta proposta. Prabhu sugeriu que inclusive as impressões da WVA possam ser feitas em outros materiais e não somente em plástico. 


O departamento de limpeza da WVA em Sridham Mayapur pediu a todos os membros presentes na assembléia que, por favor, mantenham o lixo de seus templos nos recipientes correspondentes que, por sua vez, tenham sido colocados em locais estratégicos, tanto dentro dos Mandirs como na Rua Bhaktisiddhanta. A equipe de limpeza recolhe o lixo dos templos a cada dois dias e pedem ajuda aos vaishnavas para manter Sri Mayapur Dham limpo e belo. Os devotos também podem participar patrocinando mais trabalhadores. Este é um assunto que deve ser atendido por todos em conjunto, os templos se comprometem em jogar o lixo nos recipientes correspondentes e logo a equipe de limpeza o recolhe e leva ao depósito de lixo da cidade que está sendo mantido pela ISKCON.


O Comitê de Meio Ambiente se encarregou de fazer uma forte campanha de educação ambiental, tanto em Sri Vrindavan como em Sri Mayapur Dham. Sripad Vishvarupa Das da Colômbia desenhou cartazes muito bonitos em inglês, hindi e bengalí que estão sendo colados por todas as partes do Dham. Além disso, a equipe teatral do Vrinda Kunja tem apresentado a obra teatral "Nossa Última Chance" em várias escolas e comunidades rurais tanto em Delhi, Rishikesh, Braj Mandal e Gaura Mandal, para difundir a necessidade urgente de proteção dos sagrados rios e locais de peregrinagem.

3- Criação de novo ramo da WVA-VVRS para captar fundos em prol do serviço aos vaishnavas e ao Dham 

Sripad Bhakti Ratna Sadhu Maharaj não pôde estar presente fisicamente na reunião, mas em dias anteriores fez a proposta à WVA-VVRS de começar uma Fundação legalizada que permita à WVA arrecadar fundos e doações em prol dos diferentes serviços aos vaishnavas e aos Dham sagrados.  Sripad Bhakti Vichar Vishnu Maharaj da Sri Caitanya Gaudiya Math será o líder desta nova Fundação. Desta forma, todos os vaishnavas e amigos que desejem participar financiando os projetos da WVA, poderão fazê-lo mediante doações. 

Alguns dos projetos desta futura Fundação são: publicar livros de nossa Vaishnava grantha, fazer festivais de pregação com os líderes vaishnavas, apoiar a restauração de templos vinculados com a Gaudiya sampradaya, fazer campanhas educativas de promoção da limpeza no Dham e contra o uso de plásticos, difundir as glórias de Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta e sua missão ao redor da Índia e do mundo, entre outros.

4- Departamento de impressão de livros

O comitê de publicações da WVA apresentou ante a assembléia de vaishnavas o lançamento de dois materiais muito importantes, um é a Foto-biografia de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada que pode ser baixada da internet AQUI ou encontrada nos escritórios da WVA no Yamuna Kunja (Vrindavan) e Mayapur. O outro lançamento do período de Gaura Purnima foi a coleção de 108 gráficos sobre a vida e obra de Srila Prabhupada, chamada “Museu de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada”, exposição que foi montada na Sri Gopinath Gaudiya Math (Mayapur Dham) e que ficou estabelecida permanentemente no Samadhi Mandir de Srila B.P. Puri Goswami Maharaj. O museu também pode ser visitado pela internet na seguinte página web: bhaktisiddhanta.com/museum



Tal comitê se verá fortalecido graças à participação de Sripad Bhakti Ratna Sadhu Maharaj, quem se ofereceu para participar ativamente na impressão de livros fundamentais para nossa sampradaya. Sripad Radha Madhav Das, quem publicou uma tese muito completa sobre Acintya bedhavedha tattwa, também será parte ativa desse comitê. As publicações serão financiadas mediante os fundos coletados com a Fundação mencionada acima.
O comitê de publicações também impulsionará a tradução de literatura em diferentes idiomas: hindi, bengalí, oriya e inglês.

5- Notícias vaishnavas em periódico do oeste bengalí

Rajiv Chakravatry desenvolve um periódico mensal em bengalí e inglês que publica notícias atuais da Índia relativas a importantes tópicos e novidades da tradição Vaishnava. Foi introduzido à assembleia e apresentou seu trabalho, colocando-o a serviço da WVA. “Nós publicamos temas religiosos e do Bhagavat Dharma em conjunto com os temas sociais do país porque assim as pessoas podem saber o que ocorre atualmente e também ver o exemplo dos sadhus, para segui-los", destacou Rajiv Chakravarti.

A assembléia organizou-se para adquirir mensalmente 1000 cópias do periódico para distribuir em Mayapur e por sua vez apoiar no financiamento de alguns anúncios dentro dele. Também se solicitou que os tópicos tratados nas reuniões da WVA sejam publicados no mesmo periódico. Se estendeu o convite a todos aqueles que quiserem participar no comitê de publicações e no comitê de internet para compartilhar notícias vaishnavas. 

6- A importância das ahimsa mridangas em nossos maths 


A seguinte pergunta foi colocada ante a assembléia: "Existe alguma reação pelo uso de instrumentos musicais, em especial mridangas, cujos materiais provenham do maltrato das vacas?"; a respeito, os sadhus presentes responderam baseados nas escrituras védicas e também deram propostas para solucionar o tema. 


A conclusão foi sintetizada por Sripad Bhakti Nandan Swami Maharaj: “devemos eliminar por completo o uso de mridangas que não são ahimsa (cujas matérias-primas não provêm de vacas mortas naturalmente, mas do assassinato delas), de outro modo, nós convertemos em responsáveis diretos e acumulamos as reações do caso". Sripad Bhakti Prasun Madhusudhan Maharaja assinalou que tem contatos de diferentes goshalas em Braja Mandal que podem prover matérias-primas ahimsa, mas que alguém tem que se responsabilizar de organizar isso. 

Para finalizar, Sripad Ananga Mohan Das deu uma completa e impactante dissertação sobre a importância da proteção das vacas e a maneira apropriada de fazê-lo, considerando a extração apropriada de leite e outros produtos que Go Mata oferece. Srila Bhakti Alok Paramadvaiti Maharaj agregou que: “somos responsáveis por destruir nossa própria tradição védica, se não utilizamos produtos lácteos provenientes de locais protegidos então somos culpados da exploração da mãe vaca”.

Este tópico passou a ser parte do comitê de meio ambiente, do qual Sripad Ananga Mohan Das e Sripad Radha Madhav Das se converteram em novos integrantes. 

7- A opinião da assembléia sobre o siddha-deha pranali diksa    

A questão das reiniciações e siksas dadas por certo grupo de babajis do Radha Kunda foi também colocada ante a assembléia. Vários vaishnavas deram sua opinião sobre isso: 


Qual é a visão da Gaudiya Math sobre as reiniciações entregues pelos babajis do Radha Kunda a devotos que já haviam sido iniciados em nosso parampara. Deve a WVA-VVRS fazer algo a respeito?


Srila Bhakti Bibudha Bodhayan Maharaj começou colocando que a proteção de um gaudiya vaishnava é seguir o siddhanta apropriado, agregando que não é possível proibir a nossos membros de se associarem com outras linhas, pois são os desejos que levam um praticante a sua queda. Sripad Bhakti Prasun Madhusudhan Maharaj agregou que devemos fortalecer o estudo do siddhanta que já foi estabelecido por nossos acaryas, educar nossos membros sobre as diferenças de cada linha e o fundamento por trás disso. Srila Bodhayan Maharaj confirmou essa afirmação dizendo: "A questão é de que maneira nós aprofundamos o siddhanta para proteger nossa linhagem"

Sripad Madhusudhan Maharaj citou um exemplo no qual uma devota ocidental foi "iniciada" no siddha deha pranali duas vezes pela mesma pessoa, tirando o valor e a veracidade desse processo. Disse: "Há muitos pontos a considerar a respeito, eu mesmo falo deste tema em cada um de meus Hari-katha para ensinar claramente às pessoas a diferença entre um e outro".

8- Novos projetos educativos da WVA

A WVA-VVRS tem a iniciativa de desenvolver um projeto da escola vaishnava para meninos e meninas de Sridham Mayapur. Este serviço será realizado em conexão com Sripad Bhakti Vichar Vishnu Maharaj da Sri Caitanya Gaudiya Math, onde há várias habitações disponíveis para isso. Sripad Bhagirath Prabhu, do Jahnavi Kunja Gaudiya Math, ficará a cargo junto com sua esposa Anandamayi Dasi. Prabhu estará também a cargo da clínica da WVA no mesmo lugar, aproveitando não apenas para receber e atender pacientes com problemas de saúde, como também para educá-los sobre os ensinamentos vaishnavas e sobre a importância de proteger o Dham e mantê-lo limpo. 

9- A presença da WVA-VVRS na sociedade 

O último tema discutido nesta reunião foi a importância do trabalho conjunto por parte dos diferentes participantes da WVA-VVRS, mediante a criação de um círculo de sadhusanga com uma meta em comum.

“Decisões muito poderosas têm vindo a nós mediante Sri Caitanya Mahaprabhu e o guru parampara e, à medida em que nos mantemos unidos, seremos o suficientemente fortes para continuar expandindo-as. A WVA-VVRS deve se converter em um elemento de impacto social, assim os ensinamentos de Sri Caitanya que todos os Gaudiya Math promovem poderão ter maior impacto. Por exemplo, há situações importantes como a proteção e limpeza do Dham, a proteção às vacas, entre outras, nas quais a WVA-VVRS pode se apresentar ante as autoridades e pedir mudanças; mas para isso se necessita fortalecer a unidade dos membros. O conselho dos sadhus é algo essencial na sociedade atual. Nos tempos védicas, os sadhus eram os conselheiros do Rei; atualmente não há mais reis, mas há um governo que cumpre a mesma função. Tudo isso necessita de um pouco de energia, mas é, em essência, o que devemos fazer. Não temos necessidade de falar sobre nosso sadhana, pois isso já é parte de nossa prática, mas sim necessitamos urgentemente discutir acerca de nossa posição na sociedade", disse Srila B.A. Paramadvaiti Swami Maharaj.

Sripad Madhusudhan Maharaj apoiou a iniciativa, destacando que a WVA-VVRS deve identificar as questões pelas quais luta, por exemplo contra a venda de produtos não vegetarianos no Dham, etc. "Devemos organizar um sistema para coletar assinaturas nos diferentes festivais vaishnavas e logo aproximarmo-nos do governo"

Os assistentes apoiaram a necessidade de que a WVA-VVRS se torne mais ativa nesses temas, para isso também se colocou a importância da participação da WVA no próximo Congresso Mundial do Hinduísmo, a ser realizado entre os dias 21 e 23 de novembro de 2014 em Delhi, Índia. Uma equipe encabeçada por Srila Paramadvaiti Maharaj estará encarregada de fazer todas as averiguações a respeito e assegurar a participação da Sabha no evento.




10 de maio de 2014

A história de Sri Tota Gopinath

Escrito por Chandan Yatra  Das


Sri Tota Gopinath requintadamente uma bela Deidade auto-manifesta do Senhor Sri Krsna. Sri Tota Gopinath é uma Deidade única porque Ela é única Deidade de Krsna no mundo que está “sentada” e tocando Sua flauta.
Tota Gopinath tem também uma qualidade carismática e sedutora que nos atrai sempre ao Seu darshan. Srila Vrindavan Das Thakura exalta seu poder: “Até um extremo ateísta será modificado ao ver a Deidade de Gopinath.” Às 7 da manhã durante o darshan, quando pedido, o pujari pode mostrar um pequeno risco dourado no joelho direito da Deidade onde entrou Mahaprabhu.


A APARIÇÃO DE SRI TOTA GOPINATH

O templo de Gopinath está em Sri Ksetra Jagannatha Puri Dham numa área chamada Yamesvara Tota. Quando o Senhor Caitanya tomou sannyasa, Ele permaneceu em Jagannatha Puri por 18 anos. Sri Gadhadara Pandita também veio com Mahaprabhu. A maioria dos associados de Mahaprabhu permaneceu na Bengala, eles vinham a Puri somente uma vez por ano, para os quatro meses chuvosos para atender ao Senhor Jagannatha e ver ao Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu, mas Gadhadara Pandita não podia suportar a separação de seu Senhor e o Senhor não podia suportar se separar dele. Então, Ele foi permitido ficar com Mahaprabhu em Puri. Gadhadara Pandita residiu aqui no Templo de Sri Tota Gopinath. Enquanto residia aqui no pacífico jardim de árvores e trepadeiras, Gadhadara Pandita recitava o Srimad Bhagavatam toda tarde. Mahaprabhu assistiu regularmente e ouvia os passatempos de Dhruva Maharaj e Prahlada Maharaj 100 vezes.
Um dia, Sri Caitanyadeva experimentou um sentimento de separação imenso do Senhor Krsna, clamando: “Onde está meu Prananatha?” Gouranga começou a cavar a areia em busca de Seu Senhor. Sentindo a pedra esculpida mukuta de uma murti debaixo da terra, Gaurahari exclamou: “Gadai, achei o tesouro mais precioso aqui, gostaria de aceitar?” Percebendo a cabeça emergindo da areia, Gadhadara ajudou Gouranga a descobrir a mais bela Deidade do Supremo Senhor Sri Krsna.
Mahaprabhu chamou a Deidade de Gopinath, e devido a ela ter aparecido no jardim chamado Tota em Oriya os devotos a chamam assim, Tota Gopinath. Sri Caitanya Mahaprabhu deu a responsabilidade do serviço de Sri Tota Gopinath a seu querido Gadhadara Pandita e também lhe concedeu ksetra-sannyasa.
A Deidade de Sri Tota Gopinath é linda, Sri Vrindavan Das Thakur descreve a beleza de Sri Tota Gopinath no seu Sri Caitanya-Bhagavata como segue:

gadadhara bhavane mohana Gopinatha
achene, ye hena nanda-kumara saksat
apane Caitanya tare kariyachena kole
ati pasandi-o se vigraha dekhe bhule
dekhi sri-murali mukha angera bhangima
nityananda ananda asura nahi sima

(Sri Caitanya-Bhagavat Antya 7.114)

“Na casa de Gadhadara está o mais atrativo Gopinath. Esta Deidade é exatamente como o filho de Nanda. Sri Caitanya Mahaprabhu mesmo a segurou em seu colo. Até o mais ateu será modificado ao ver essa Deidade. Por ver a postura de seu corpo    e rosto com flauta o Senhor Nityananda derrama lágrimas de ilimitada bem-aventurança.”




PORQUE TOTA GOPINATH ESTÁ SENTADO?

A Deidade de Sri Tota Gopinath estava anteriormente em pé e sendo adorada por Sri Gadhadara Pandita, mas depois da partida de Sri Caitanya Mahaprabhu, Gadai (Gadhadara) se sentiu devastado, seu corpo se dobrou por intensa agonia da separação de seu amado Goura. Embora ele tivesse somente 47 anos, Gadhadara se tornou muito magro como um ancião, incapaz de levantar seus braços, Gadai não podia nem vestir Tota Gopinath e nem oferecer a Ele candana e guirlandas. Gadhadara pensou que seria melhor colocar outro pujari na adoração do Senhor.
Em um sonho naquela noite, Tota Gopinath apareceu e disse:
- Porque você quer colocar outro pujari a Meu seva? Eu quero que apenas você me sirva.
Gadhadara respondeu:
- O Prananatha! Devido a minha condição, eu não consigo ficar em pé e lhe servir apropriadamente.
O Senhor Gopinath disse:
- Não, Eu insisto que apenas você Me sirva. Se você encontra dificuldade, apartir de amanhã Eu me tornarei menor.
Na manhã seguinte quando Gadhadara entrou no quarto da Deidade para servir Gopinath, ele teve uma visão maravilhosa. O Senhor misericordioso se sentou de maneira a receber serviço de suas mãos. Após o desaparecimento de Sri Gadhadara Pandita, outro devoto de nome Mamu Thakura tomou conta das Deidades de Sri Tota Gopinath. Sri Caitanya Mahaprabhu costumava chamá-lo de Mama, que em Bengali é tio, na Orissa, “tio” é Mamu. Então ele ficou conhecido como Mamu Thakura pelas pessoas.




11 de março de 2014

Sri Dhameswar

Escrito por Chandan Yatra Das

Templo de Mahaprabhu Bari na Ilha de Sri Koladvipa em Sri Mayapur Dham (Cidade de Navadvipa)
Sri Dhameswar Mahaprabhu
Esta bela deidade de neem de Gouranga Mahaprabhu é a deidade que Srimati Visnupriya, esposa do Senhor Gouranga, adorou por 80 anos depois que o Senhor Caitanya tomou sannyasa. Srimati Visnupriya tinha 16 anos quando Gouranga Mahaprabhu a deixou e Ela adorou a deidade como seu marido até abandonar o corpo na idade de 96 anos. As mãos da deidade são para frente com as palmas pra cima, uma postura indicando: “Eu sou seu”. Também estão lá sapatos de madeira, os quais foram usados por Sri Caitanya Mahaprabhu. Ele os deu a Srimati Visnupriya, os quais ela adorou até deixar esse mundo.

Depois da aceitação de sannyasa do Senhor, Srimati Visnupriya sempre manteve-se dentro de casa, com exceção de seu banho diário junto a Mãe Saci Devi. Quando devotos iam pra lá compartilhar prasadam, eles viam somente os pés de Visnupriya, nunca viam seu rosto, nem ouviam sua voz. Ela cantou constantemente os Santos Nomes.

Ela colocava um pote de barro em cada lado deles, um pote vazio e o outro continha arroz. Depois de cantar uma ronda de japa (108 contas) ela colocava um grão de arroz no pote vazio. Assim, ela continuava sua japa até o terceiro quarto do dia (fim de tarde). Esses grãos, os quais ela colocava no pote vazio eram cozinhados e oferecidos com lágrimas. Dia e noite ela cantou os Santos Nomes.

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare |
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare ||



Depois da partida de Mahaprabhu, seu servente Isana Thakura, cuidava de Mãe Saci e Visnupriya. Vamsivadana Thakur e Mãe Saci ficaram com Visnupriya em todos os momentos. Uma vez em um sonho o Senhor Caitanya lhe ordenou que derramasse misericórdia a Srinavasa Acarya. Assim, com profunda afeição ela colocou seus pés na cabeça de Srinivasa. Sri Vansivadana Thakura; dedicado servente de Visnupriya e encarnação da flauta do Senhor Krishna, trouxe a deidade aqui depois da partida de Visnupriya desse mundo. Ele estabeleceu a adoração de Sri Dhamesvar Mahaprabhu como Pranavallabha: O amante de Visnupriya.

A reação de Srimati Visnupriya após ouvir a decisão do Senhor Gouranga de tomar Sannyasa e as palavras de conforto oferecidas a ela por seu esposo são lembradas no Sri Caitanya Mangala Madhya Lila 12.1-40 por Srila Locana Das Thakura.

No Navadvipa-dhama Mahatmya o Senhor Nityananda disse: “Ó Jiva, ouça um tópico confidencial; existe uma belíssima deidade de Gouranga que pertence a Visnupriya e no futuro será trazida à Sattika por brahmanas que descendem da família de Jagganath Misra. Quatrocentos anos depois do aparecimento do Senhor Gouranga nesse mundo a adoração da deidade será restaurada ao máximo padrão.
Entrada do Templo de Sri Dhameswar Mahaprabhu Bari
Sri Dhameswar Mahaprabhu

Essa bela deidade de neem de Sri Gouranga Mahaprabhu é a deidade que Srimati Visnupriya, esposa do Senhor Gouranga adorou por 80 anos depois do Senhor Caitanya tomar sannyasa.
Sandálias de Mahaprabhu

Pés de Lótus de Sri Dhameswar Mahaprabhu
Kirtan estático no templo de Dhameswar Mahaprabhu durante o Navadvipa Mandala Parikrama anual

Altar de Sri Dhameswar Mahaprabhu



Endereços para o Templo de Sri Dhameswar Mahaprabhu

#1) Do portão principal do Sri Mayapur Candrodaya Mandir (ISKCON), vire a esquerda para o ghat de barcos Hollur. Do ghat de barcos existe um serviço constante a cada 10 minutos para a cidade de Navadvipa. Da Cidade de Navadvipa pegue uma rickshaw. O Templo de Dhamesvara Mahaprabhu Bari é famoso está à 10 minutos do ghat de barcos da cidade de Navadvipa. Uma antiga figueira de bengala na estrada Porama Tala Market é a paisagem que aparece no caminho do templo de Mahaprabhu Bari.

#2) Pode-se também visitar o templo de Sri Dhameswar Mahaprabhu ao participar do Navadvipa Mandala Parikrama organizado todo ano pela ISKCON de Mayapur dez dias antes do festival de Goura Purnima.

Antiga figueira de bengala na estrada Porama Tala Market no caminho do templo de Sri Dhameswar Mahaprabhu