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30 de junho de 2014

O Guru pode cometer erros?

Escrito por Swami B.G. Narasingha
01 de Junho de 2014




Nós devemos sempre manter nosso Guru na mais elevada consideração. O discípulo deve ver o Guru como o representante de Krsna. O Guru nunca deve ser considerado um homem ordinário, jiva-tattva.

acaryam mam vijaniyan navamanyeta karhicit na 
martya-buddhyasuyeta sarva-deva-mayo guruh

"Deve-se saber que o acharya é como Eu mesmo, e nunca se deve desrespeitá-lo de forma alguma. Não se deve invejá-lo, pensando que ele é um homem ordinário, pois ele é o representante de todos os semideuses.” (Bhag.11.17.27)

Já que o Guru está representando Krsna em todo momento, ele não é mais visto pelo discípulo como uma jiva comum. Ele é compreendido aos olhos do discípulo como guru-tattva. O que quer que o Guru faça será visto pelo discípulo fiel como maravilhoso, puro, perfeito, e sempre uma representação de Krisna. Assim, aos olhos do discípulo, o Guru nunca comete um erro.
Os não-discípulos, no entanto, podem encontrar falhas em nosso Guru. Eles podem considerá-lo como um homem comum, e isso é intolerável para um discípulo genuíno. Se, por acaso, o Guru soletra ou pronuncia uma palavra incorretamente, o entusiástico discípulo neófito sentirá que seu Guru está certo e que, se necessário, o dicionário deveria ser mudado. Mas o não-discípulo verá isso como um erro. Um discípulo mais antigo considerará que se os não-discípulos virem um assim chamado erro cometido por seu Guru, eles talvez o considerarão como um homem ordinário, e então perderão a chance de tomar a consciência de Krsna. Um discípulo mais antigo considerará a necessidade de corrigir o assim chamado erro que seu Guru cometeu, pelo benefício dos não-discípulos.
Mas o não-discípulo verá isso como um erro. Um discípulo mais antigo considerará que se os não-discípulos virem o assim chamado erro cometido por seu Guru, eles talvez o considerarão como um homem ordinário, e perderão a chance de tomar a consciência de Krsna. Ele então considerará a necessidade de corrigir o tal erro, para o benefício dos não-discípulos.

Enquanto estiver corrigindo o assim chamado erro de seu Guru, um discípulo sincero pensará, “Oh, meu Guru é tão gentil. Ele está mostrando algum defeito apenas para me dar a chance de servi-lo.” Nosso Guru Maharaja, Srila A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhupada, costumava dizer, ; “Vocês estão me ajudando a espalhar este movimento de consciência de Krsna por todo o mundo.” Mas nós estávamos pensando que ele era tão gentil que nos permitia algum serviço em sua missão. Na verdade, Srila Prabhupada não necessitava nossa ajuda, e o que quer que nós estejamos fazendo no caminho correto é simplesmente por sua graça. Srila Prabhupada poderia ter espalhado este movimento sozinho. E de fato ele fez isso.
Similarmente, Srila Prabhupada costumava dizer que, “O Senhor Chaitanya Mahaprabhu poderia ter espalhado a consciência de Krsna por todo o mundo, não apenas na Índia. Mas Ele é tão gentil que nos deu algum serviço em Seu movimento de sankirtana.” Este é o humor de todos os grandes acharyas e mestres espirituais em nossa sucessão discipular.
Há um perigo para o discípulo se ele considera que os assim chamados erros de seu Guru se originam de seu condicionamento aos três modos da natureza material. Assim, nós devemos ser muito cautelosos em como nos associamos com o guru, e em que consciência nós observamos suas atividades. Até mesmo um discípulo antigo experienciará grande dificuldade se ele orgulhosamente pensa que seu guru é dependente de seus serviços. Então, Krsna, disse, acaryam mam vijaniyan – “Conheça o Acharya como Meu próprio ser.” Nunca pode haver um defeito material em Krsna. Ele é puramente transcendental, acyuta, acima dos sentidos e das leis da natureza material.
O discípulo deve sempre lembrar deste sloka e manter tal consideração por seu Guru. Não há diferença entre o seu Guru e meu Guru, ainda que não necessariamente nós vemos o Guru dos outros da mesma forma que vemos nosso Guru. No encontro privado de nossos irmãos e irmãs espirituais, nós podemos expressar tal visão exclusiva de que nosso Guru é o melhor de milhões de jagat-gurus. E deve ser assim. Se for de outro modo, por que nós viemos ao refúgio de nosso Guru?




Sobre o autor:


Sripad Narasingha Maharaja entrou em contato pela primeira vez com seu mestre spiritual, Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, no verão de 1967, no Golden Gate Park em São Francisco, Califórnia, mas somente em 1970 ele tomou iniciação Hari-nama de Srila Prabhupada em Los Angeles, tornando-se então seu discípulo devidamente iniciado.

 

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